Nunca tive um relógio 100% confiável.
Às vezes, ele me diz que são 10 horas, mas na verdade já é quase meio dia! Outras vezes estando certa de que já são 6 da manhã me surpreendo. Ainda posso dormir quase duas horas.
Talvez porque na minha casa o tempo seja outro, o da preguiça dos gatos ou da pressa dos beija-flores.
O relógio de pulso para. Passa um, dois dias inerte, imóvel e de repente, sem ter motivo aparente recomeça sua marcha por meses a fio. Até que, como se para me puxar o tapete e lembrar que tudo é efêmero, estanca. Inútil artefato no braço.
E as coisas, as coisas mesmo, os objetos, parecem ter vida própria e um ótimo senso de humor. Escondem-se. Passam anos assim, adormecidos. Mas quando preciso deles, vou lá, direto naquela gaveta, dentro daquele livro e pronto. Ele lá não está. E fico eu, revirando lembranças, tentando resgatar o último momento, mas, peraí, não foi aqui que guardei? Mas eu tinha certeza de que estava ali... E anos depois (ou dias, semanas) ele se mostra, parecendo que até com sorriso sarcástico, "to aqui", "estive aqui todo esse tempo”!
Nossa, olho o relógio, parece que foi há tanto tempo. Nossa, foi ainda ontem que olhei e não vi e lá se vai ele novamente, ser agulha no palheiro.
20/09/09
sábado, 26 de setembro de 2009
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Ai ai, inspirador e um poder de identificação gigante! Que relatividade esse tempo tem! No final me vi no próprio palheiro em busca tão particular que até esqueci o que procurava! Risos
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