sábado, 26 de setembro de 2009

A MÁGICA


Sempre acreditei na "mágica", na capacidade de interferir com nossa vontade e desejo e fazer acontecer o que me acostumei a chamar de "milagres", a materialização de objetos a partir de um desejo profundo, sincero e "desprendido". Uma boa imagem é a do trecho da música "era só jogar a rede e puxar, era só jogar a rede e puxar..."
Tenho inúmeros exemplos de coisas nessa linha:

Com 13, 14 anos, num momento de crise na família, meu pai desempregado, sem dinheiro nem perspectivas, prestações do apartamento vencendo, recolhemos todo o dinheiro que havia em casa - algumas moedas que davam exatamente para duas passagens de ônibus - e a família decidiu que eu iria usa-las para ir para a escola. Saí de casa e ao chegar na rampa do edifício, um tanto desolada aquela hora da manhã, vejo caindo na minha frente, em "câmera lenta", rodopiando levemente, uma nota de 100. Aquela nota avermelhada, a de maior valor naquele tempo. Veio caindo suavemente e pousou sobre meus pés e meu olhar perplexo, que imediatamente se dirigiu para o alto, buscando ver braços acenando em alguma janela daquele prédio de 20 andares, aquela torre da Gastão Bahiana. Tudo que vi foi o céu azul, um claro azul de um dia começando. Ninguém, viva alma!
Agarrei aquela nota e com o coração disparado tomei o elevador até a portaria e o outro, que demorou uma eternidade até chegar ao 19º andar. Esmurrei a porta e ninguém poderia imaginar o acontecido atrás dela, nós três pulando abraçados, o almoço garantido por alguns dias, uma festa.

Eu costumava fazer meditação em meu quarto, naquele 19º andar no Corte do Cantagalo, em Copacabana. De pernas cruzadas, tentava não pensar em nada enquanto repetia um mantra e esperava que os pensamentos indesejáveis, como nuvens, chegassem e partissem. Lá pelas tantas, me veio a vontade de saber os filmes em cartaz no cinema. Como por encanto, uma folha de jornal, pra ser bem específica, a página de cinema do Caderno B do Jornal do Brasil entrou voando pela janela, como um imenso pássaro batendo suas asas e caiu na minha frente. Meninos, eu vi! Parece mentira, não é? Pois é, mas não é não...

Tem mais! Eu estava fazendo uns caleidoscópios para a criançada de uma biblioteca infantil onde eu orientava uma oficina de brinquedos. Precisava de réguas de espelho que coubessem dentro dos tubos de papelão que nós já tínhamos. Fui numa vidraçaria, mas ficava caro e a idéia era gastar o mínimo, de preferência, nada. La ia eu andando pela Rua Miguel Lemos pensando nos espelhos, quando me deparo com uma pilha de réguas de espelho junto a uma árvore, na frente de uma pequena galeria onde havia o Teatro Brigitte Blair e uma boite no subsolo, que, em reforma, estava trocando o revestimento espelhado das colunas! Meus espelhos estavam junto com alguns sacos de entulho. Foi só me abaixar, pegar e usar. Não precisou nem um corte!

E ainda não acabou! Sou do tempo em que os computadores da PUC RJ, onde eu estudava, eram alimentados com dados em cartões perfurados por um digitador. Eram retângulos de cartão que ficavam cheios de furos igualmente retangulares. Depois de utilizados, eram descartados. Com essa minha mania de transformar tudo e fazer coisas, andei fazendo luminárias incríveis que lembravam muito os lustres árabes, deixando passar a luz pelos orifícios vazados, dando uma luz muito agradável e suave no ambiente.  Anos depois, estudando escultura no Parque Lage, lembrei daqueles cartões e fiquei imaginando onde consegui-los depois de tantos anos, numa era onde os computadores de outra geração não usavam mais os tais cartões.
Pois bem, saio de casa para ir ao supermercado, numa ensolarada manhã de meio de semana. Ao voltar, com as sacolas nas mãos, me deparo com a Rua Miguel Lemos, no trecho entre a R. Barata Ribeiro e a Praça Eugênio Jardim coalhada, literalmente coalhada de cartões de computador. As duas calçadas e o asfalto. Montanhas de cartões, pilhas deles por todos os lados. Ninguém soube me explicar como aquilo aconteceu. Foi só me abaixar, pegar aqueles bolos de cartões e levar pra casa. "Era só jogar a rede e puxar, era só jogar a rede e puxar..."

Outra vez foi a nossa árvore, como costumávamos chamá-la, que pegou fogo. Ela ficava no alto do morro defronte ao nosso prédio, e aquela árvore, a única que havia sobrado, ficava quase na altura da nossa janela. Era linda, talvez por ser única. Uma Figueira Brava. Um dia a vimos em chamas. O céu da tarde estava claro, límpido, sem nuvens, mas ficamos, minha mãe e eu na janela, chamando a chuva. Nossa árvore não podia morrer. Ao anoitecer desabou um pé d'água que durou o tempo necessário para apagar o fogo. Nossa árvore sobreviveu chamuscada, mas tempos depois brotou e se encheu de novas folhas. Até o próximo fogo, que dessa vez a levou. Não estávamos em casa...

Uma noite, vi a lua cheia saindo do mar. Um espetáculo, uma cena deslumbrante. (De minha janela eu via o mar por cima de Copacabana, o mar, o Pão de Açúcar e algumas praias de Niterói, do outro lado da baía de Guanabara. Era muito alto o meu "poleiro" no morro do Cantagalo.)
No mar aquele rastro de prata cintilava e um veleiro deslizava sua paz. As luzes da cidade tremeluziam e pensei com meus botões que se as luzes se apagassem seria o máximo. E o que aconteceu? Copacabana ficou às escuras, breu total por uma meia hora, o tempo de a lua subir e do barquinho desaparecer no horizonte.

Um belo dia fomos nós três à praia, com a idéia de dar um mergulho e voltar logo. Não levamos documento, dinheiro, nada. A praia estava tão gostosa que fomos ficando. Pegamos uma trilha no morro do canto da praia do Peró e lá pelas tantas, a fome apertou. Pensei, puxa, podia ter trazido uma grana pra comer alguma coisa... Não andei nem um metro sobre as pedras e me deparei com uma linda nota de R$5,00, esticadinha na minha frente e ninguém nas proximidades. Chegamos novamente à praia e logo passou um vendedor de empadas , com as três últimas empadas em sua caixa! E deu pra segurar a fome até chegar em casa.

Não é só isso não... Tem muito mais. Algumas coisas menos significantes, nem tão impressionantes, mas suficientes pra me mostrar que isso é possível, que o nosso desejo é capaz de materializar a coisa desejada. Eu não sabia como fazer isso, como controlar, mas tinha provas mais do que concretas de que, em alguns momentos a "mágica" acontece. É pensar numa pessoa que a gente não vê há muito tempo e encontrar com ela na rua e outras coisas por aí.
Portanto, sou dessas pessoas que não pode dizer que "dinheiro não cai do céu", pelo contrário, cai sim, mas não é sempre. E a gente não pode estar desesperado, tem que estar tranqüilo e lançar o desejo no universo. De alguma forma, a sincronicidade acontece e o desejo e o objeto desejado se encontram. Agora eu aprendi que existe uma lei, a Lei da Atração que explica tudo isso. É um pouco como a Gravidade, que a gente não vê mas que puxa tudo pra baixo ou a eletricidade, que não precisa explicação, só saber como usar.

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