sábado, 26 de setembro de 2009

Desde pequena convivi com ferramentas e pessoas que usavam as mãos para criar e consertar coisas. Em minha casa sempre houve uma oficina com bancada, painéis e maletas de ferramentas de todos os tipos.


Minha mãe costurava, bordava, tecia, cozinhava. Com 5 anos aprendi a bordar, seguindo o risco de um ratinho desenhado por ela. Recortávamos flores dos anúncios do National Geographic Magazine e colávamos nos azulejos da cozinha; fazíamos biscoitinhos de nata e balas de açúcar no mármore da pia.

Muito cedo montei "minha" primeira caixinha de ferramentas com os pequenos martelos e alicates de meu pai, em uma caixa feita por ele. Ela também serviu para guardar roupinhas de boneca e material de pintura. Hoje guarda ferramentas.

Aquela oficina num socavão de escada era um pequeno estaleiro de onde saíam veleiros imponentes e também a estante de meus primeiros livros, o balanço com laterais de coelho no qual eu passava horas balançando no quintal. Meu primeiro estojo com tampa de correr também saiu de lá, além de uma magnífica caixa com subdivisões onde minha mãe professora guardava contas coloridas e materiais de texturas e pesos diferentes para usar com seus alunos. Alí também meu pai consertava coisas - liquidificador, tomadas, ferro elétrico.

Eu adorava mexer em tudo aquilo. Aos poucos fui me apoderando de miudezas, quinquilharias e objetos, que guardei por toda a vida, pensando que um dia eles serviriam pra alguma coisa.

Nos mudamos e a oficina teve momentos de decadência e glória. Um belo dia, me vi restaurando modelos de barcos, aprendendo as técnicas de construção. Por onze anos fui oficialmente modelista naval. (Posso dizer que sou dessas pessoas que sabe com quantos paus se faz uma canoa!).

Nesse percurso fui dominando os modos de trabalhar madeira, de usar ferramentas e máquinas e comecei a fazer móveis e objetos. Dei aulas de marcenaria para crianças e jovens e criei o Projeto Oficinas de Brinquedos e Engenhocas de Sucata, que já aconteceu em muitos lugares. O desejo de pensar as formas e os objetos me levou a estudar no Parque Lage. Aqueles "cacarecos" começaram a ganhar outro rumo. Alguns deles estão aqui.

Texto da exposição Objetos - Trilogia

(para ver os objetos visite a exposição em http://www.christiannerothier.com/objetostrilogia/index.htm )

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