quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CRIAR

O texto abaixo foi escrito pelo amigo Franzé, um artista fabuloso, criador de peças fantásticas, que em breve terei a satisfação de mostrar aqui. Franzé foi amigo de meu pai e me "descobriu" em Cabo Frio. Por incrível que pareça somos vizinhos e não sabíamos.
 

No trato do processo criativo, mormente nas chamadas artes visuais, duas posições predominam: de um lado a apolínea, regida pelo desejo de ordem, clareza, harmonia e de outro a dionisíaca, inteiramente entregue à exaltação do instinto, espontânea. Uma acata as regras que corrigem a emoção, a outra é a emoção desrespeitando as regras. E é nesse ambiente dicotômico que o artista produz.
Quando ele configura algo e o define, surgem logo alternativas, vez que o processo criativo incorpora um princípio dialético, que se regenera por si mesmo - onde ampliar e delimitar são concomitantes, em aparente paradoxo de oposição em tensa unificação.
Não obstante, pouco importando como se desenrola o processo, e o que ali predomina, a construção de uma obra implica inexoravelmente em um desenvolvimento formal, consciente ou inconsciente, que contém seqüências rítmicas, proporções, distanciamentos, aproximações, indicações direcionais, tensões,velocidades, intervalos, pausas...
Se considerarmos nesse contexto, que o conteúdo expressivo da forma simbólica é resultante da correspondência entre desenvolvimento formal e qualidades vivenciais, a obra de arte, como mensagem simbólica, remete a modos de vida essenciais do artista, via das associações que perpassaram seu processo criativo e a estrutura formal adotada ao final. Donde se pode inferir como verdadeiro que: criar é combinar elementos conhecidos dando-lhes nova utilidade ou nova apresentação. Logo, quanto mais se combina mais se cria.

FRANZÉ

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